A Academia de Medicina da Bahia, representada por seu presidente, vem-se manifestar a respeito das recentes decisões governamentais envolvendo a atividade e a autonomia do exercício da Medicina no Brasil.
Com relação à ampliação do curso médico, trata-se de uma atitude discriminatória contra os estudantes de Medicina. O preparo de um médico inclui não apenas seis anos de curso oficial, mas o treinamento que frequentemente requer três ou mais anos de residência médica para aperfeiçoamento e especialização e, no caso de formação de professores e pesquisadores, quatro a cinco anos de mestrado e doutorado. Obrigar o estudante de Medicina a aceitar ainda o alongamento do curso com exercício médico em cidades do interior despreparadas para receber recém-formados, sem experiência suficiente, em locais sem condições para realização de exames, disponibilidade de leitos e medicações e sem orientação profissional adicional, independentemente de qualquer discussão e aperfeiçoamento prévios, constitui arbitrariedade inaceitável.
Não se deve tentar interiorizar o médico desta maneira, mas sim interiorizar a Medicina e, mais que esta, a saúde. O que o Brasil necessita é de investimento pesado na melhoria de condições de saneamento básico, disponibilidade de hospitais e serviços médicos e fluxo adequado de medicações. Esta infraestrutura, aliada a uma remuneração digna, por certo atrairá médicos jovens para trabalhar em cidades atualmente esquecidas pelo governo.
Não será prolongando a duração do curso nem oferecendo apenas pagamento ilusivo e, muito menos, importando profissionais de línguas ou sotaques difíceis de entender pela população, quase sempre desprovida de cultura suficiente para entendê-los que se irá resolver o problema da saúde no país. O que certamente se conseguirá será a falta crônica de entendimento e comunicação, que levará o paciente a seguir erradamente a orientação dos profissionais estrangeiros, que podem ser de qualidade questionável, sobretudo se não forem submetidos à revalidação de seus diplomas, após a averiguação da qualidade de seu treinamento.
Ao contrário, oferecer estágios opcionais bem remunerados no interior, associados a investimentos para a efetiva melhoria das condições de atendimento a médicos brasileiros, já que o problema maior não é tanto a insuficiência numérica, mas a má distribuição de profissionais da saúde, parece à Academia de Medicina da Bahia, como a tantas outras instituições da área médica, a solução mais indicada e passível de implementação em prazo mais curto, com melhor acesso e eficácia na melhoria da saúde da população brasileira carente.
Salvador, 10 de julho de 2013.
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