O Cremerj reuniu os diretores dos hospitais universitários (Hus) do Rio: parlamentares, entidades médicas, de enfermagem, conselheiros, alunos, residentes e imprensa. Foi debatida a grave crise por que passam os hospitais universitários e apresentadas propostas.
Os HUs são fundamentais no ensino, formação de recursos humanos (RH), pesquisa, extensão e atendimento à população, principalmente nos casos mais complexos. Pelo menos metade passam ou deveriam passar por essas unidades de saúde, sendo muitas vezes a última esperança para o diagnóstico e tratamento dos pacientes.
O CFM fez e publicou pesquisa recente que mostra a percepção da população com relação ao atendimento no SUS, expondo o já conhecido horror em que se transformou a vida dos doentes. Outra pesquisa manifesta que a maior preocupação da população continua sendo saúde e educação, desassossego não compartilhado ao que parece pelo governo federal, incapaz de elaborar um plano nacional para o país. Nos outros níveis de governo a conjuntura não é diferente.
Pobre país a sediar uma Olimpíada em cuja cidade sede quatro hospitais universitários agonizam, condenados a não cumprir seus objetivos constitucionais e fechar suas portas à população, condenando cidadãos a morrerem por falta de atendimento.
“Manter pacientes nessas condições, sem recursos humanos e materiais, de limpeza ou segurança, não é justo, ético ou honesto”, clamou com razão um dos diretores. Acrescento que esvaziar hospitais de leitos, recursos humanos qualificados e materiais, não é justo, honesto ou ético, é crime!
Por trás desse delito está a incompetência governamental federal e estadual, o desleixo com a saúde pública, a corrupção, a pressão do governo federal para implantar a EBSERH, empresa claramente inconstitucional por não respeitar a autonomia universitária entre outras aberrações: “as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.
Um desses hospitais recebeu insuficientes 36 milhões de reais no último ano e outro 28 milhões em 2014 e 15 milhões em 2015, padecendo um déficit maior ainda. O governo retirou a parte que lhe cabia no financiamento da saúde, retornou com menos de dez por cento do necessário e, além disso, deixou de utilizar 171 bilhões nos últimos 12 anos que estavam orçados para a saúde.
As dificuldades vão de problemas prediais e de esgoto, até a manutenção e compra de equipamentos, de insumos e medicamentos, passando pela precariedade crônica de recursos humanos.
Enfrentando problemas graves como esses e que requerem ações imediatas, perdemos a oportunidade de planejar, discutir e melhorar o sistema de saúde pública e a atuação dos hospitais universitários e seu aperfeiçoamento e modernização.
Essa desorganização só favorece os incompetentes, desonestos e descompromissados com a saúde, educação e desenvolvimento do país.
São necessárias ações imediatas como a liberação de verbas, concurso público, manutenção e compra de equipamentos, insumos, abertura de leitos, consertos prediais, limpeza, alimentação e segurança, entre outras.
A situação é grave e muitos cidadãos estão perdendo a vida ou ficando sequelados pela omissão, incompetência e falta de vontade política do governo para sanar o problema.
A responsabilidade pelo que está acontecendo e pelo que acontecerá é de todos: sociedade, entidades profissionais, legislativo, judiciário e executivo. Estamos exigindo respostas e ações imediatas dos três poderes.