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Clínica de cuidados paliativos será inaugurada em Salvador

Primeira unidade especializada em cuidados paliativos e reabilitação do Norte e Nordeste é um marco no tratamento humanizado de pacientes

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Clínica de cuidados paliativos será inaugurada em Salvador
Tratar o paciente sob um olhar mais humanizado, aliviar o sofrimento, seja ele físico, emocional, social ou espiritual, dar qualidade aos dias de vida e apoio aos familiares é o objetivo da Clínica Florence, que será inaugurada no dia 27 de abril, na capital baiana, no bairro de Nazaré. A clínica é a primeira do Norte e Nordeste a adotar o conceito Hospice Care ou Cuidados Paliativos, que começa a ser conhecido no Brasil, mas já está consolidado em países como Estados Unidos e Europa.

A Florence, nome em homenagem à enfermeira italiana Florence Nightgale, atende dois públicos distintos: pacientes que precisam de cuidados paliativos, com doenças crônicas, ameaçadoras à continuidade da vida, com internações frequentes, que exigem cuidados especiais, e em reabilitação, internados em hospitais de alta complexidade e que necessitam de um cuidado temporário de transição, para se reabilitar e retornar às suas residências.

O idealizador e responsável pela operação da clínica é o renomado cardiologista Lucas Andrade, diretor executivo da Florence. “A implantação da primeira clínica especializada em cuidados paliativos e reabilitação do Norte e Nordeste preenche uma lacuna na assistência ao paciente que exige cuidados especiais e é uma nova alternativa para desospitalização na cidade de Salvador, diminuindo, assim, o tempo de internação hospitalar”, declara.

Segundo um levantamento feito  por Lucas Andrade, 15% dos leitos hospitalares privados da cidade de Salvador são ocupados por um mesmo paciente há mais de 30 dias. “Se olharmos para as unidades de terapia intensiva (UTIs), em especial, 10% a 30% dos pacientes não se beneficiam da internação em leitos de alta complexidade. O modelo assistencial da Florence oferece mais qualidade de vida e humanização através de um cuidado centrado no paciente, respeito a suas preferências e autonomia, e entende que  os avanços tecnológicos da Medicina são  complementares à valorização e ao bem estar do ser humano”, comenta.

A médica especializada em Cuidados Paliativos e coordenadora da clínica, Fernanda Tourinho, ressalta que a qualidade de vida é o que norteia todo o sentido do atendimento em cuidados paliativos. “É preciso enxergar o paciente como um indivíduo único, que tem necessidades e precisa de atenção individualizada. Devemos enxergá-lo integralmente, nas dimensões física, psicológica, social e espiritual”, afirma. “Na Florence, a demanda por intervenções invasivas sai de cena para dar lugar a mais contato humano, comunicação efetiva e atendimento individualizado das necessidades dos pacientes e familiares”, complementa Fernanda Tourinho.

O médico geriatra, especialista em Cuidados Paliativos e consultor, assistente do grupo de Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), Douglas Crispim, compartilha do pensamento de Fernanda Tourinho e acrescenta: “estamos retomando aspectos importantes da Medicina de antigamente, que era pautada por vínculos sólidos e um cuidado mais humanizado, mas que ao longo do tempo foi se perdendo”. A Florence se contrapõe ao modelo de internação tradicional, focado, sobretudo, no tratamento da doença. A nova clínica coloca o ser humano, com suas dores, seus temores, anseios e desejos como foco principal do atendimento.  

Estrutura projetada para cuidados mais humanizados
A clínica foi construída em uma área de 3000 m², tem três pavimentos com 31 suítes, sendo 25 individuais e seis enfermarias duplas, e um jardim externo. As instalações têm iluminação e ventilação naturais - elementos centrais para o paciente. Os quartos têm painéis magnéticos para fixar fotos e podem ter outros objetos pessoais, permitindo um ambiente mais customizado. É permitido ao paciente receber visitas de crianças e animais de estimação, desde que programadas com antecedência.

A Florence foi projetada pelo arquiteto baiano Adriano Mascarenhas, que estudou a fundo as instalações Hospice em países europeus, e oferece uma atmosfera mais pessoal e aconchegante. A interação entre pacientes e familiares é constante e mais flexível que em uma internação convencional: visitas são permitidas 24 horas por dia; refeições podem ser customizadas, inclusive com a participação de familiares no preparo; datas especiais podem ser comemoradas; familiares podem ter acesso constante à equipe de saúde multidisciplinar, formada por médicos, enfermeiros e psicólogos especialistas em cuidados paliativos, nutricionistas, assistente social, terapeuta ocupacional e conselheiro espiritual.

Economia e qualidade de vida
Segundo o diretor executivo, Lucas Andrade, a economia de custos é de 40% a 60% quando comparado com a internação em um hospital geral. “A Florence inova ainda pelo modelo de cobrança, que será o de fee for outcome (pagamento por resultado). Após autorização da fonte pagadora, uma equipe de captação visita o paciente hospitalizado e, conforme as necessidades, define, antecipadamente, o valor da diária dentro de faixas pré-definidas, com total transparência e previsibilidade”, informa Andrade. O conceito de diária global inclui honorários médicos, materiais, medicamentos e outros itens. “Nosso modelo promove alinhamento de interesses entre a fonte pagadora e o provedor dos serviços e premia a eficiência operacional”, completa.

Outra vantagem do modelo é que, a partir do momento que viabiliza a desospitalização de pacientes em leitos de alta complexidade, aumenta a capacidade instalada da cidade. “Se consideramos que mais de 50% da nossa capacidade será preenchida por pacientes que, hoje, estão internados em unidades de terapia intensiva ou semi-intensiva podemos dizer que a Florence equivale à criação de uma UTI de 20 leitos na cidade” afirma Lucas.

Quem foi Florence
A escolha do nome é uma homenagem à enfermeira italiana Florence Nightgale que, no século XIX, lançou as bases da Enfermagem atual. A sua trajetória profissional é marcada pela valorização do olhar do paciente, de forma a humanizar os cuidados requeridos.

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