15h29

Rejeição a doação de órgãos na Bahia chega a 70%

Estado tem um dos maiores índices do País de rejeição das famílias à doação

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A Bahia apresenta atualmente um dos maiores índices do País de negativa das famílias à doação de órgãos: cerca de 70%. O desconhecimento da população sobre o processo de doação e transplantes certamente é uma das maiores explicações para os números. Somente no primeiro trimestre deste ano, o Estado ocupou o 5º lugar em números de potenciais doadores, totalizando 132 pessoas. No entanto, desses, apenas em 32 casos, as famílias permitiram a doação, o que fez a Bahia cair para o 8º lugar em doações efetivas no País. Por conta disso, a Associação Bahiana de Medicina, em parceria com a Sesab, promove, de 25 a 27 de setembro, na sede da ABM, o Congresso “Transplante de Órgãos e Tecidos”.
 
O objetivo é contribuir de forma contundente para a mudança desse cenário. A iniciativa não visa apenas discutir as questões técnicas relacionadas ao processo doação de órgãos e realização de transplantes, técnicas utilizadas e os principais avanços nesta área, mas debater as questões político-sociais e alertar a população, médicos e autoridades políticas, para que sintam a necessidade de implementar a cultura de transplantes na Bahia.
 
“O Congresso, a ser realizado na Bahia, é oportuno, por conta da realidade nada otimista que vivenciamos no Estado. Deveria ser um programa institucional, mas hoje só acontece porque existem médicos abnegados que abraçam a causa do transplante”, explica Dr. Jorge Pereira, um dos coordenadores da iniciativa.
 
Ainda segundo ele, alguns órgãos captados aqui na Bahia são disponibilizados para outros estados. “De forma geral, a inserção do binômio doação-transplantes de órgãos em nossas escolas é feita de forma muito tímida. Então, como implementar uma cultura de transplante, se o aparelho formador não está exercendo o seu papel da forma devida? As estatísticas mostram que muitas pessoas não doam seus órgãos porque isso não fora discutido previamente no âmbito familiar”, acrescenta.
 
Para o Coordenador Estadual do Sistema de Transplante da Sesab, Dr. Eraldo Salustiano Moura, a parceria com a ABM na realização da iniciativa é de extrema importância, para estimular os profissionais da Saúde, especialmente os médicos, a se envolverem de forma mais efetiva com essa ação de profundo impacto social.
 
Ele destaca ainda que o apoio da Associação Bahiana de Medicina é muito importante, contribuindo para que o Estado possa dar à população o direito ao transplante. “Tudo isso é importante: a divulgação, o envolvimento dos profissionais da Saúde associados ou não à ABM, o debate sobre a importância da doação em si, o diagnóstico de morte encefálica, e tantos outros temas que serão abordados”. Dr. Eraldo Moura explica que outro benefício é capacitar os profissionais de Saúde a identificar pacientes que poderiam estar na fila dos transplantes e não estão; e não apenas o potencial doador.
 
Segundo ele, apesar de a Sesab ter desenvolvido ações no sentido de solucionar, ou ao menos minimizar o problema, há pouco envolvimento de muitos gestores de hospitais públicos e privados, desconhecimento dos profissionais da saúde sobre o processo de doação e transplante, com consequências importantes para a saúde publica. “Por exemplo, identificamos apenas 40% das mortes encefálicas do estado. Muitos pacientes com doenças que poderiam ser tratadas com transplante não são referenciados para serem avaliadas e inscritas na lista de espera”, explica.
 
Brasil - O Brasil tem o maior sistema público de transplantes do mundo e é o segundo país em números absolutos de transplantes, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Aqui o programa de transplantes faz parte do Sistema Nacional de Transplantes, normatizado pelas Leis nº 9434/97, 10211/01 e Decreto nº 2268/97, e pelas Centrais de Transplante em cada estado da federação ligadas a Secretaria Estadual da Saúde.
 
A evolução da técnica cirúrgica, do conhecimento do processo de rejeição e a descoberta das medicações imunossupressoras fizeram dos transplantes a esperança para tratamento de muitas doenças terminais, relacionadas à falência de órgãos e tecidos, sendo considerada uma das etapas mais exitosas da medicina. Nas últimas quatro décadas os transplantes evoluíram de experimentos científicos arriscados para intervenções terapêuticas eficazes, tornando-se uma realidade rotineira no Brasil e no mundo.
 
O Congresso - O Congresso, segundo o Diretor Científico da ABM e coordenador da comissão científica, Dr. Cesar Araujo, oferecerá uma programação multimodular em que serão abordadas as questões técnicas por especialistas de grande relevância no País, que participam de programas muito bem sucedidos, e que poderão trazer, além dos conhecimentos de ordem técnica, informações sobre como tiveram êxito nos seus programas em diversos estados. “O programa será muito abrangente e terá espaço para orientação e formação de profissionais da área de Saúde, para lidar com transplantes e captação de órgãos. Também se dirige à comunidade, trazendo as pessoas que se interessam pelo tema para discutir os problemas relacionados à deficiência dos programas de transplante na Bahia”, explica.

A abertura do evento contará com um representante do Ministério da Saúde, que fará uma conferência sobre a situação de transplantes no País. No dia seguinte, será ministrada uma palestra sobre a situação de transplantes na Bahia. No segundo dia do evento, a grade será extensa e densa, com participação de figuras ilustres da área no cenário nacional. Incluirá conferências, mesas redondas e uma programação multimodular (de cada órgão: transplante fígado, pulmão, rim, medula óssea etc). Em cada uma das mesas haverá médicos considerados referência no País.

Ao final, será realizada uma mesa para discutir os aspectos éticos nos transplantes, com a presença de médicos, religiosos e juristas, que debaterão temas polêmicos como transplante de células-tronco, cordão umbilical, enfim diversos assuntos que demandam discussões mais amplas.
 
Pré-congresso – Também será oferecida uma programação que antecede o Congresso. No INESS, haverá atividades de formação de pessoas e atividades dentro de laboratório de cirurgia experimental. Será ensinado, na prática, como diagnosticar a morte encefálica e treinar pessoas a transmitir as más notícias. Também haverá atividades no Laboratório da Faculdade de Medicina da Bahia e um programa voltado para a comunidade, que será realizado na ABM. “São ao todo três pólos distintos que atenderão a diferentes públicos”, explica Dr. Cesar Araujo.
 
 
Para saber a programação completa do Congresso, acesse aqui
 
Para consultar as estatísticas de transplantes na Bahia e no Brasil, acesse aqui
 
Mais informações na ABM Eventos: Tel.: 71 2107-9682 / 2107-9684

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